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DIVAGAÇÕES SOBRE A MALDADE


Muitos conhecidos ao longo da minha vida me disseram que eu era uma pessoa boa.


O que é ser uma pessoa boa? Eu nunca fui uma pessoa boa, eu sempre fui simplesmente eu mesmo. Qualidades e defeitos. Bondade e maldade. Alegrias e tristezas. Humano. Cheio de falhas e cheio de sonhos. Tomando decisões certas e decisões erradas. Machucando muitas pessoas que gostavam de mim e me machucando no processo.


As decisões erradas não foram culpa de um demônio ou de algo maligno me dizendo o que fazer, foi o meu cérebro raciocinando de maneira errada. Quando uma pessoa mente ou parte para a violência, seja qual for a situação, não é algo mal vindo do inferno que faz com que as coisas sejam como elas são, mas as circunstâncias que as coisas ocorreram para a gente chegar onde estamos neste exato momento.


O mal não é sutil, não acredito nisso. Nós somos sutis. É culpa da humanidade as pequenas coisas e não do mal como forma concreta. O mal é muito maior, ele mata crianças de fome, ele faz guerras onde milhares perdem a vida de forma estúpida e por nada. O mal é tão grandioso e tão palpável que me espanta que a maioria das pessoas não podem vê-lo.


Quando Hitler desfilou pela Alemanha ou quando Assad assumiu o poder na Síria. O mal com certeza estava lá, se esbaldando, se refestelando e rindo da fraqueza humana. Como somos idiotas e capazes de fazer atos hediondos. É o mal que estupra crianças, porque se eu começar a acreditar que os seres humanos são capazes de tal ato eu perderei toda a minha esperança nas pessoas que vivem naquele planeta que agora está tão longe do meu alcance. Preciso acreditar que a essência do ser humano é boa, no fundo somos todos inclinados a praticar o bem, mas existe algo lá, algo que nos consome, que nos denigre e nos molda como ele bem entende. Algo na escuridão que cresce como mato quando não estamos olhando.


“Só o amor mata o demônio” – disse o serial killer de um filme que eu assisti há muito tempo atrás.


Eu acredito no demônio. No mal. Espreitando pelos recônditos escuros em ruas estreitas. Diferentemente das outras pessoas, porém, não acho que ele está em todos os pequenos erros. Nunca fui religioso. Deus existe. Não acredito na bíblia, ela foi escrita por homens. Acredito em Jesus Cristo, mas acho que se ele quisesse uma bíblia onde seguíssemos seus ensinamentos ele mesmo teria escrito.


Olho para o espaço vazio que me cerca, livre do bem e do mal. Aqui nada dessas coisas existem. O homem e o que vem atrás dele ainda não conquistaram tudo isto aqui. Anjos, demônios, deuses, sofrimento, alegria, ressentimento, amor... Nada existe aqui. Só eu. Espero não macular este lugar incrível com o meu corpo e meus sentimentos. Espero que aqui continue sendo aqui, sem essas coisas que consomem a vida de todas as pessoas que estão lá embaixo naquele planeta.


Fecho os olhos por alguns segundos e tento sentir alguma coisa ruim, mas tudo o que sinto é o silêncio e meu corpo que treme pelo medo do que está por vir. Medo e silêncio são as únicas coisas por aqui... Por enquanto.


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