top of page

QUEM É ESTA FILHA DA PUTA QUE ACORDOU DO MEU LADO?


Eu amava uma mulher ontem, hoje não amo mais.


Culpa dos duendes mecânicos que abriram minha cabeça e apagaram tudo. Mexeram no meu cérebro como se ele fosse gelatina. Quantos miolos se perderam no chão do quarto? Qual sinapse continha o nome dela que não me recordo? Eles queimaram aquela sinapse? Substituíram por outra?


Não me lembro se eu a amei durante muito tempo ou só por ontem.


Ontem pode ter sido uma vida inteira. Quanto dura uma vida?


Hoje acordei e havia outra mulher na minha cama, não era a mulher que eu amava. Definitivamente o sorriso era diferente. Os duendes fizeram um péssimo trabalho. Esqueceram de revirar alguma massa encefálica aqui dentro. Aquelas mãos de aço e óleo estão ficando enferrujadas. Não se fazem mais duendes mecânicos como antigamente.


Devo procurar por meu amor? Ela se lembrara de mim? Ainda estará aqui no mundo Intermediário? Terá ido embora no trem escondido nos subterrâneos? Duendes mecânicos vivem nos subterrâneos entre pessoas sem corações com peles queimadas onde larvas crescem em meio a pus e putrefação. Terá ela conseguido fugir daqui para o mundo Posterior?


Estará ela triste e arrasada porque me perdeu?


Se ela não se lembrar de mim, então não terei sido ninguém.


Levanto e tiro a desgraçada que dorme no lugar dela.


- Querido! – ela está assustada, é bom que esteja mesmo – O que está fazendo?


Dou-lhe uma bofetada, ela não tem o direito de me chamar de querido. Pego o abajur e quebro-lhe na testa. Chuto seu nariz, uma papa de sangue incomoda entre meus dedos do pé. E enquanto continuo a golpear pergunto “Onde está ela?”. Ela chora e lágrimas se misturam com seus dentes caídos no chão.


- Onde está ela? Onde está ela? Onde está ela? Onde está ela? Onde está ela? Onde está ela? Onde está ela? Onde está ela? Onde está ela? Onde está ela?


Escuto um barulho de porta se abrindo. Aquela porta não estava ali há cinco minutos. Duendes mecânicos saem dela. Vieram me pegar! Os bastardos! Caem em cima de mim como um enxame de latas de sardinhas.


- Venham me pegar seus robôs de merda! – e eles me pegam! Sou arrastado para a porta que não estava ali. Para os subterrâneos.


Tomara que me coloquem no trem. Tomara que não queimem minha pele e arranquem o meu coração. Tomara que minha amada esteja lá me esperando.

Posts Em Destaque
Posts Recentes
Arquivo
Procurar por tags
Nenhum tag.
Siga
  • Facebook Basic Square
  • Twitter Basic Square
  • Google+ Basic Square
bottom of page