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EU PASSEIO EM DUBLIN ENQUANTO OS RURALISTAS FAZEM A FESTA


Dia 30 e 31 de Outubro de 2018, acordo com o barulho do metrô que passa há alguns metros da minha janela no Isaacs Hostel, tomo um café da manhã que consiste de torradas com manteiga e geléia, café e suco de laranja, conheço dois alemães (Hung, que é descendente de vietnamitas e mora em Frankfurt e Sarah que é muito bonita e corta um pouco a conversa quando percebe as investidas do outro alemão).


Meu primeiro ato do dia é ir visitar a estátua de James Joyce no rua Talbot, peço para que ele me dê forças para continuar nesse caminho árduo de literatura, dali vou comprar um chip com um número irlandês para o celular em uma loja da Three. Almoço um burrito de frango com molho agridoce de chilli, uma 7Up sabor mojito e um chocolate chamado Twin Peaks, que tive que comprar porque sou fã da série com o mesmo nome criada por David Lynch e Mark Frost.


Enquanto isso no Brasil o famigerado fascista eleito presidente já diz de fundir o ministério do meio ambiente com o ministério da agricultura, pra delírio geral da nação ruralista que durante anos vem destruindo o meio ambiente, escravizando pessoas e saindo impunemente com aval da bancada que financiam no congresso, mesma bancada que vem o Hitler tupiniquim. Que vamos combinar é um vendido, né? Bolsonaro deve colecionar bancadas, bancada da bala, bancada ruralista, bancada evangélica, bancada empresarial... já viu alguém com maior número de lobistas?


Conheço dois italianos e vamos ao Temple Bar com Hung enquanto eu conto sobre a situação política brasileira, que por mais que tenha assustado a Europa, ainda é pior do que eles imaginam na minha concepção. Tomo uma Kilkenny finalmente no famoso bar turístico e de preço salgado. De noite umas alemãs sem noção no meu quarto fazem uma algazarra e me acordam às três da manhã, eu penso em tacar fogo nelas, mas meu amigo Taube diz, como sempre, que estou exagerando (Taube não está comigo na Irlanda, foi pelo Whatsapp mesmo).


Thami mandou mensagem perguntando como eu estou, como não sei fingir meus sentimentos, respondo que estaria melhor com ela aqui.


No dia seguinte conheço a estátua de peitos fartos de Molly Mallone, personagem central de uma famosa canção tradicional irlandesa, onde uma linda mulher vende peixes e mexilhões com seu carrinho nas ruas de Dublin até que morre e seu fantasma continua a vagar vendendo suas coisas. Passei por um monumento aos mortos no mar e que tirei várias fotos para pesquisa do livro que estou trabalhando que envolve navegações. Também parei em um monumento perto do hostel que percebi se tratar de uma homenagem aos soldados do I.R.A. com a inscrição “A vela queima, mas não por nós, mas por quem falhamos em resgatar das prisões, para os torturados, para os sequestrados, para os desaparecidos. É para eles esta vela.”. A chama dentro do monumento está sempre ardendo, sem parar. A inscrição faz com que eu volte a pensar no Brasil, para todos os nossos heróis da ditadura e pelos próximos que hão de vir.

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