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MAIS UM ST. PATRICK'S DAY!


Venho de uma família ítalo-irlandesa e carrego no sangue toda a bagagem do que vem de bom e de ruim nisso. Cresci no cristianismo (mais especificamente no catolicismo), que significa que damos uma enorme importância para símbolos, tradições, significados e marcos importantes e históricos do mundo e de nossas vidas. Já faz alguns anos que rompi com o cristianismo, mas é inútil pensar que não existem marcas, afinal foram mais de 25 anos dentro dele. Mas por mais que não me considere cristão, nutro um enorme respeito por imagens de Jesus Cristo, Nossa Senhora, São Francisco, pelo Papa e, como não poderia deixar de ser, de São Patrício (Ou Saint Patrick, ou ainda Saint Paddy para os íntimos). Comemorar o St. Patrick’s Day é uma tradição, celebrar a vida, estar com amigos, estar feliz por estar no mundo, algo assim. Nunca trabalhei em um 17 de março, já cheguei a pedir dispensa por motivo religioso, na cara de pau mesmo.


Este ano foi mais um, longe de ser o que mais bebi, nem o melhor de todos, mas foi um dos melhores sim. Não dormi na rua como em 2010, não arrebentei minha cara no asfalto como em 2011, muito menos tomei dezessete garrafas de cerveja como nos velhos tempos. Tomei minha cerveja quando acordei ao som dos The Irish Rovers tocando Finnegan’s Wake (isso é tradição), dei beijo na boca nos primeiros minutos da madrugada do dia 17 (isto não é nem um pouco tradição), estive com diferentes amigos em diferentes bares, ganhei um chapéu verde de leprechaun, tomei cerveja verde com corante vagabundo (isto é quase tradição) e confundi garçons com meu inglês de irlandês arrastado que quase ninguém entende... Ah... e brindei todos os copos com “Sláinte” enquanto uns imbecis diziam “Cheers”.


Não fui à igreja, coisa que sempre fiz, mas no dia seguinte assisti ao novo filme do Scorsese (Silêncio) sobre os jesuítas no Japão. Talvez tenha tocado no meu sangue católico mais do que gostaria, faz parte de uma doutrinação de anos, mas como disse o Logan neste último filme: "Não seja aquilo que fizeram de você". Eu tento, mas existem cicatrizes que não dá pra esconder, mas acho que venho fazendo um bom trabalho.


Final de noite com a galera ainda comi uma porção de língua ao molho, nada melhor com uma cerveja. Descobri literalmente que meu inglês fica muito melhor quando estou bêbado e que devia fazer exatamente um ano que não mijava na rua. É isso aí, mais um ano, mais um St. Patrick e espero que ainda venham muitos.


Dedico este texto aos irlandeses que me inspiraram de alguma forma: James Joyce, Neil Jordan, Garth Ennis, Oscar Wilde, Bram Stoker, Sinéad O’Connor, Shane McGowan, Bono Vox, Frank McCourt, Michael Collins, Stephen Rea, Gabriel Byrne, Jim Sheridan, Pierce Brosnan, Enya e é claro que não podia faltar o Banshee dos X-Men.


Sláinte!

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