Síndrome da Marvel em Brasília
- Gustavo Campello
- 31 de jul. de 2023
- 3 min de leitura

Bolsonaro se tornou inelegível com todas as pompas que tinha direito, com uma chuva de matérias pela internet, com todos os holofotes da grande mídia e principalmente com os aplausos ensurdecedores da esquerda caviar.
“E agora?” eu pergunto.
Agora podem me chamar de Mãe Dináh da Política porque tudo aconteceu como eu disse que ia acontecer em posts perdidos da minha conta apagada do Facebook, porém, não há nada de adivinhação nas coisas que eu digo já que nossa política é escrita pelos mesmos velhos escritores de novelas com todos os clichês que elas têm direito.
Mas antes que eu de meu retrospecto eu quero lembrar aquilo que eu sempre digo e nunca vou cansar de dizer: Bolsonaro é minúsculo, é um ser tão indiferente e tão ignóbil que a melhor coisa que poderíamos fazer é ignorá-lo. Ele quer atenção, não importa como, é o famoso “falem mal, mas falem de mim” (eu avisei que os escritores estavam viciados nos chavões óbvios de uma Maria do Bairro). Quem seria Bolsonaro sem os holofotes que Marcelo Tas, Monica Iozzi, Rafinha Bastos e companhia LTDA deram para ele com um programa de quinta categoria chamado CQC? Um programa que vinha com a falácia enlatada de discutir política, mas que no conteúdo só trazia a boa e velha ideologia de direita disfarçada de comédia. Depois de toda a política de terra arrasada que foi o desgoverno do sujeito ele foi colocado como inelegível pela próxima eleição presidencial enquanto temos um bando de gente responsável por isso ocupando cadeiras como deputados e senadores e a galera que estava gritando “sem anistia” me pareceu bem satisfeita. A gente tem muito o que aprender com nossos hermanos argentinos.
Eu não quero ver Bolsonaro preso, eu quero ver a classe média que apoiou esse cara pegando fogo, porque são eles os inimigos do país, sempre foram; do Golpe de 1964 até hoje. Essa classe média que faz gesto nazista no sul do Brasil, que acredita em meritocracia, religiosa, racista, que ama dar uma carteirada “meu tio é juíz!”, que defende a policia com a frase “bandido bom é bandido morto” e torce o nariz para homossexuais. Eu não dou a mínima em ver o Bolsonaro preso enquanto não ver a tia que xinga uma família negra em uma praça de alimentação do shopping não for presa também.
“Ah, mas o Bolsonaro matou muito mais com sua política” vocês vão me dizer. Essa política só existe porque existe essa classe que apoia ele e continua apoiando. O genocídio que foi essa pandemia tem uma carga de culpa muito maior no tio da zap que dizia “a economia não pode parar” do que qualquer político. Nenhum político faz nada sem um aval da parte de seus eleitores.
Quando eu vejo notícia do Bolsonaro eu nem abro, não me interesso mais, morreu para mim. Todo esse circo em volta dele só alimenta sua ideologia. Zema está aí crescendo e ninguém tá falando nada.
E agora eu faço o gancho com o título da matéria. O brasileiro tem criado heróis e vilões como se vivesse em uma história em quadrinhos faz tanto tempo que já não consegue mais viver de outro jeito. Até o Moro com o seu superpoder da gramática errada é herói de uns e vilão de outros. Como é que um cara desse consegue ganhar algum holofote sério nesse país e virar deputado? Joaquim Barbosa foi chamado de Batman quando estava no STF e agora temos esse Alexandre de Moraes, que teve Glenn Greenwald como única voz sensata alertando para os perigos autoritários onde tudo isto está nos levando e foi massacrado.
Não há heróis! Não há vilões! Só há a máquina do capital moendo todo mundo, será que ninguém quer ver? Por mais que eu ame muito mais o Lula que o Bolsonaro, será que ninguém ainda percebeu que é ele a terceira via que a galera adora falar tanto?
Reflitam...
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