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A Direita Já Se Azeita



As manifestações de Junho de 2013 estão fazendo 10 anos de aniversário e não tinha como ignorar, precisava escrever algo sobre. Eu estive lá, na Paulista em São Paulo, e lembro de ver uma pluralidade infinita de pautas, lembro que na minha inocência tinha achado isso até que bonito, mas foi essa falta de foco que matou o movimento, pelo menos é como eu vejo com os olhos de hoje.


Lembro também que decidi parar de frequentar as manifestações quando a maioria das pessoas decidiu tomar a decisão de se sentarem para ajudar o trabalho da polícia em prender black blocs, afinal eram os grandes vilões taxados pela mídia, os vândalos, os depredadores. A minha linha de pensamento era, é e sempre foi alinhada com este grupo, para mim jogar coquetel molotov em um banco não é um crime, mas um dever. Pessoas como Luiz Rendeiro (conhecido como Game Over e que cometeu suicídio neste ano de 2023) sempre serão meu heróis. Ele teve a vida destruída desde aquela época por um governo criminoso, fascista e corrupto e acabou entregando os pontos depois de anos combatendo ruralistas na região do Pantanal. Lutar contra o sistema é exaustivo e tem seu preço, eu mesmo já entreguei os pontos muitas vezes, não dá para culpá-lo.


Não dá para acreditar em mudança sem luta. O grande problema do povo é acreditar nesse pacifismo que o capital tenta vender através de sua mídia enquanto o capital trata o povo cada vez mais com violência. Sinto muito, mas o ataque é sim a melhor defesa em inúmeros casos, a verdade é esta você gostando ou não. Ninguém ficou sentado reclamando no Twitter enquanto o nazismo varria a Europa, o fascismo se ganhou com luta. Porque agora tudo tem que ser feito na paz? A sociedade ocidental abraçou este mantra enfiado goela abaixo para que a população se mantenha controlada. Você queimar um banco é demonizado pela televisão enquanto crianças morrendo de fome por concentração de renda desses mesmos bancos é colocado como culpa de problemas externos que ninguém consegue explicar. Sinto muito galera, mas a fome é culpa de bilionários.


Tom Zé, meu cantor brasileiro favorito lançou uma música na época que demonstrou seus dotes de vidente, praticamente uma Mãe Diná da música popular brasileira. Em certo trecho dizia:

Olha menino, que a direita

Já se azeita,

Querendo entrar na receita, mas

De gororoba, nunca mais


A direita se azeitou, ninguém se atentou e quando menos percebemos o ovo da serpente estava chocado com grupos como o MBL, financiado por endinheirados no poder, tomaram conta das manifestações. O mais engraçado de tudo isso é que lembro, que apesar da pluralidade de pautas, a maior delas era a reforma política. Me espanta que ninguém mais fala disso. Por que será, né?


Eu explico.


A direita brasileira percebeu que era preciso atacar a democracia, e assim o fizeram, para que o povo acreditasse que o sistema que temos hoje era a melhor coisa do mundo e precisava ser defendida. Elegeram um macaco de circo para presidente, sucatearam todo o sistema e fizeram com que o povo acreditasse que o que tínhamos antes era a melhor coisa do mundo. Voilà! Hoje temos a galera defendendo até o STF, aquele mesmo STF que deu a legalidade para aquele Impeachment vergonhoso e ilegal da Dilma. Daí quando o Glenn Greenwald diz se preocupar com os superpoderes do Alexandre de Moraes a esquerda faz o que? Ataca ele.


Cadê a mídia debatendo os Black Blocs hoje? O que houve com eles? Como o governo agiu para calar quem lutava por um Brasil mais justo? A bipolarização no Brasil, inclusive, nessa briga ridícula entre direita e esquerda só serve para colocar o debate que realmente importa para baixo do tapete: A REFORMA POLÍTICA.


Não me estenderei no texto atacando a democracia representativa que tentam nos vender com essa capa de livro de conto de fadas, mas com um conteúdo de livro de terror. Não. Falarei disso em outro texto.


O que fica de lição é que qualquer tipo de manifestação popular terá a interferência de grupos controlados pelo capital para tomar o controle dentro do capitalismo, as manifestações de Junho de 2013 são o exemplo mais forte que consigo pensar na última década. O mercado é cruel e se adapta rapidamente. Resolvi escrever este texto principalmente depois de ler o relato que a companheira Lêgerîn Azad publicou esta semana (brasileira que largou tudo para ir lutar na revolução em Rojava), recomendo a leitura fortemente (Segue o link: https://revcurdistao.com.br/das-jornadas-de-junho-a-rojava/). Tudo o que acontece em Rojava hoje está entrelaçado com minhas crenças, que já me trouxe vários problemas e só não estou lá lutando hoje por problemas muito pessoais, falarei sobre com certeza em textos futuros.


Hoje, voltamos a normalidade, temos um governo que se diz de esquerda, seguindo todo o status quo, refém de uma câmara de evangélicos alienados e regidos por um STF de supersalários fazendo as regras do jogo. E a reforma política? Ninguém mais toca no assunto.

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