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Genocídio por Amor



Essa semana tivemos o caso de uma “influenciadora tik totker”, seja lá o que isso signifique, dizendo que tudo o que Hitler fez, ele fez com boas intenções, ou seja… é... não dá nem para explicar o que isto significa de tão sem sentido. Eu acho engraçado como as pessoas fantasiam a realidade e quando o assunto é a II Guerra Mundial, a fantasia rola solta. Nem vou entrar no mérito de pessoas que acham que a Alemanha foi vencida pelos americanos invadindo uma praia na França longe pra caralho da capital alemã no Dia D enquanto os Russos faziam todo o trabalho pesado com o cerco de Berlim.


Qualquer pessoa que tenha estudado o lado intelectual do Hitler, fica bem difícil acreditar que ele mesmo acreditava em tudo do que pregava, para mim é muito óbvio que ele se utilizou da situação social do Alemanha pós-guerra, de um ódio generalizado europeu que sempre existiu contra os judeus e criou métodos utilizando isso para atingir seus objetivos de poder. Afinal, essa não é exatamente a mesma receita que se utiliza até hoje em qualquer parte do mundo pela direita? Bolsonaro fez o que? Virou presidente vociferando contra gays, contra negros, contra índios, contra tudo e todos para que ganhasse um palco. Os dois lados (esquerda e direita) lhe deram esse palco tão pretendido, acho que a Mônica Iozzi disse em declaração que se arrepende do palco que seu antigo programa na TV deu para ele, as próprias críticas lhe deram o combustível necessário para que o bolsonarismo (odeio esse nome, prefiro fascismo tropical) chegasse onde chegou.


É muita ingenuidade achar que qualquer genocídio é feito por amor, de que é se pensando em um bem maior. Todo genocídio é feito por poder. Hoje não é diferente assim como ontem não o era.


Erdogan ganhou mais uma eleição na Turquia, o ditador do lado obscuro da Europa mostrou que é possível continuar com seus planos de genocídio curdo e da tentativa da criação de um novo Império Otomano com uma grande parcela do povo do seu lado. Aqui no Brasil não é tão diferente, já que nossa câmara dos deputados criou o genocídio legislado contra os indígenas no mês passado, financiado por ruralistas e por grande parte da população que só sabe espumar pela boca porque é só isto que lhes foi ensinado.


O genocídio Yanomami é só mais um. Enquanto o presidente se diz indignado (e to falando do Lula aqui) no mesmo dia dá um discurso lindo sobre o Dia da Mulher em 8 de Março, mas com duas embarcações iranianas militares aportadas no porto do Rio de Janeiro. Um governo que envenena meninas em escolas e que enforca num genocídio velado quem não concorda com ele.


Qual seu genocida favorito? Poderia ser o novo reality show de alguma rede televisiva super poderosa onde políticos de todos os países votam em qual genocida vão dar o direito de matar mais pessoas sem julgamento.


Isso tudo porque eu ainda nem falei da África, vivemos em um mundo onde Hitler é colocado como o diabo pelo genocídio de uns 2 milhões de judeus. Uma guerra na Europa, entre pessoas brancas, matando pessoas (na maioria brancas) e é isto. Nosso mundo branco não consegue conceber nada pior. Ninguém é pior que Hitler na cabeça do nosso mundo branco. Leopoldo II da Bélgica matou muito mais africanos que Hitler, alguns discutem entre 8 milhões e outros chegam a 20 milhões. O genocídio de Hitler é 10% do que Leopoldo II fez no Congo se compararmos com o pior cenário. E o genocídio africano do Leopoldo II é só um dentre inúmeros dos genocídios que o continente viveu sobre o julgo europeu. Sempre disse aos meus alunos que a África é um campo de extermínio europeu que nunca precisou de cercas.


Portanto não existe essa de pensar genocídio feito por amor. Hitler queria poder, assim como todas as suas contrapartes que vieram depois e das que vieram antes. Bolsonaro mesmo, vocês realmente acreditam que ele mesmo acredita em tudo que prega? Repito: é muita ingenuidade.


O tribunal de Nuremberg julgou os nazistas, mas como o escritor Erich Maria Remarque adorava lembrar: nenhum deles perdeu a cidadania alemã pelos crimes que cometeram. Ele, porém, teve a cidadania retirada por ser contra Hitler na época em que estava no poder. Muitos nazistas inclusive foram levados para trabalhar para os EUA na Operação Clipe de Papel, para um país que jamais foi julgado pelas bombas que jogou em alvos civis no Japão e por milhões de outras vidas que ceifaram em guerras como a do Iraque e do Afeganistão. Guantánamo, inclusive, continua existindo.


Não dá para acreditar em meios institucionais por isso, é tudo sobre poder, em um dia se xinga um Bolsonaro de genocida e no outro se estende a mão para um Daniel Ortega da Nicarágua.

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