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SE EU MORRESSE HOJE

  • Vitor Scaglia
  • 5 de mai. de 2011
  • 3 min de leitura

Se eu morresse hoje, não teria lido todos os livros que tenho vontade de ler, não teria conhecido a Irlanda, não teria visto um jogo de baseball ao vivo, falando nisso, não teria em toda a minha vida visto o meu time, Cleveland Indians, ganhar o World Series, justo neste ano que achei que eles tinham alguma chance. Não teria visto neve, o mais engraçado nisso é que já morei do lado de alpes na Europa. Não teria andado em um submarino, nem navegado pelos sete mares a bordo de um navio qualquer, não teria visto um iceberg ou um urso polar. Não teria um autógrafo do Keith Giffen ou apertado sua mão. Não teria tido um cavalo com o nome Duke, nem vivido em uma casa de madeira em uma chácara qualquer no meio do mato. Não teria visto o homem pisar em Marte, nem em qualquer outro planeta, mas pensando bem, acho que nem acredito que ele tenha pisado na lua. Não teria visto o filme do Lanterna Verde, nem o próximo filme do Tarantino. Não teria terminado o meu primeiro livro, nem experimentado heroína. Deixaria para trás o ultimo capítulo do seriado Gótico Americano, que eu nunca consegui assistir. Não teria dito para as pessoas que amo o quanto elas são importantes para mim. Não teria chegado a uma conclusão plausível sobre o sentido do filme Estrada Perdida. Morreria antes de Leonard Nimoy e definitivamente muito depois do meu ídolo John Wayne. O último filme que eu teria assistido em vida seria Terra Bruta de John Ford e o último livro lido teria sido Entre Rinhas de Cachorros e Porcos Abatidos de Ana Paula Maia. Sobraria inúmeras pílulas do meu antidepressivo. Jamais aprenderia e entenderia exatamente a nova norma gramatical estabelecida. Minha ultima refeição seria um cachorro quente e uma cerveja e meu apartamento continuaria bagunçado. Não teria gasto todo o meu ultimo salário e ainda sobraria mais de duzentos contos do meu vale-refeição. Não teria matado ninguém, mas ao menos seria responsável por muitos holocaustos entre as formigas. Teria desperdiçado muito tempo deprimido pensando em como o mundo em que vivemos é um bastardo filho da puta. Teria partido desta pra melhor sem ao menos bater uma punheta nas ultimas duas semanas. Minha última conta de luz ainda não estaria paga, já estava bastante atrasada. Jamais teria dito ao Paulo Coelho que a literatura dele é um lixo, apesar de gostar das músicas do Raul Seixas que ele compôs junto. Nunca iria ter entendido porque os livros de auto-ajuda vendem tanto ou porque o Senhor dos Anéis é um sucesso tão grande. Deixaria uma coleção de DVDs, quadrinhos, livros e pornografia impressionante. Nunca teria tirado o dente do siso ou amputado algum membro, acho que ia gostar de ter um gancho no lugar da mão ou um pedaço de pau no lugar da perna. Nunca teria andado de helicóptero ou pulado de pára-quedas. Não teria vencido meus medos de escorpião e do ET do Steven Spielberg. Iria embora sem ao menos saber quem era o atual presidente da Rússia ou o Primeiro Ministro da Inglaterra, não veria jamais a Irlanda unificada. A fome não teria sido erradicada, mas aí é pedir demais, ou não? Não lembraria com qual personagem teria jogado pela ultima vez Street Fighter.


Daria pra continuar escrevendo até amanhã, mas será que o amanhã vem?


E você?


E se você morresse hoje?


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