top of page

GRIPE, SOPA E UM CONTO INVEROSSÍMIL

  • Foto do escritor: Gustavo Campello
    Gustavo Campello
  • 23 de ago. de 2011
  • 2 min de leitura

-Tá lendo o que? – perguntou Marciolo querendo puxar papo.


- Um conto – responde Vitor lendo.


- É bom?


- Um pouco inverossímil.


- Porque?


- Bem, tem esse cara que trava o diálogo com uma empregada no começo do conto.


- E daí?


- Bem, agora eu to no meio do conto e descobri que a história se passa num domingo... Que porra de empregada é essa que vai trabalhar de domingo? Ou essa mulher vive num regime escravista ou deve ganhar muito bem.


- As vezes o patrão come ela, eles tem algum rolo.


- Não, ele é casado e a empregada fode o porteiro do prédio da frente.


- É – concorda – realmente inverossímil.


Vitor está gripado, não para de tossir e de assoar o nariz, esta de cama e seu companheiro Marciolo é o único que lhe faz companhia.


- Tomou todos os remédios que eu separei pra você? – diz o hipocondríaco Marciolo, seu assunto preferido é sempre remédios.


- Que remédio?


- Deixei na sua cama um Predsim, pastilhas Amidalin e um xarope Percof do lado da sua televisão. O Resfenol está no bolso do seu casaco.


- A pastilha já acabou – disse Vitor tossindo – não aguento mais esse coquetel de remédios.


- Você tem que se alimentar direito – diz Marciolo reprovando os hábitos alimentares de Vitor que estão cada vez mais restritos a salgadinhos e cerveja.


O assunto lembrou Vitor de que estava com fome, era duas da manhã e seu estomago roncava, não havia bebido nada por causa da gripe e conseqüentemente não havia comido salgadinhos. Levantou-se e foi fazer uma sopa, colocou cenoura, mandioquinha e bastante abóbora cabotiã. A sopa demorou uns trinta minutos para ficar pronta, olhou e se deliciou com o cheiro que levantava da panela, a abóbora havia se desmanchado dando mais sustância ao caldo e a cenoura e a mandioquinha boiavam suculentas naquele laranja. Colocou um pouco em um prato, colocou queijo ralado e pimenta, misturou e quando foi dar a primeira bocada acabou queimando a língua. O resto da sopa foi tomada sem Vitor sentir nenhum gosto, agora amaldiçoava sua gripe e sua língua queimada.

Comments


Posts Em Destaque
Posts Recentes
Arquivo
Procurar por tags
Siga
  • Facebook Basic Square
  • Twitter Basic Square
  • Google+ Basic Square

© 2017 by Me Leve Para Longe

  • Twitter Classic
  • Facebook Classic
bottom of page