SOFRER, ESCREVER & BEBER
- Gustavo Campello
- 8 de mar. de 2012
- 2 min de leitura

Vitor estava em um bar, quando uma garota sentou ao seu lado.
- Oi
-Oi – ele respondeu
Começou aquele papinho tosco de quando pessoas se conhecem, ela era bonita, o bar não era dos mais fuleiros que ele frequentava, portanto a clientela até que tinha um ar de “sou alternativo, mas não preciso feder por causa disso”. Então ela veio com a pergunta crucial:
- O que você faz?
- Tenho duas profissões – tomou um gole da cerveja – sou escritor.
Um silêncio por um tempo tomou conta dos dois, ela estava esperando pra saber sobre a segunda profissão, mas Vitor achou que devia era calar a boca.
- E a segunda profissão?
- Bêbado profissional.
Achou que ela ia se levantar e ir embora, mas ao contrário disso, ela riu.
- Todo escritor tem que ser um pouco transviado.
- Eu sou transmacho!
Ela riu de novo, Vitor pediu outra dose de gim, parecia que ia ser uma daquelas conversas vazias intermináveis e ele só queria beber.
- Você está bêbado neste momento?
- Eu estou bêbado em todos os momentos, querida.
Ela riu de novo e aquilo estava começando a irritar.
- Você escreve sobre o que?
Ele olhou pra ela e pensou “Se ela perguntar se eu escrevo livros de vampiros eu dou um soco na cara dela”, passou a mão no cabelo que estava caindo no rosto, tomou um gole do gim que tinha acabado de chegar e pensou sobre o que escrevia.
- Escrevo umas crônicas – não queria especificar muito – mas ando cansado de tudo, de escrever essas crônicas, de ficar bêbado o tempo todo, de estar sempre sozinho... Mas eu tenho um plano pra acabar com tudo isto.
- Legal, mas e estas crônicas? São do que? De vampiros?
Pronto, este era o fim da picada, jogou o resto do gim na cara da garota, deixou o dinheiro em cima do balcão e foi pra casa, ainda tinha muita coisa a ser feita. Vitor tinha um plano.
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