EMPURRANDO O FUSCA
- Gustavo Campello
- 6 de out. de 2010
- 2 min de leitura

Era meia noite, Vitor estava bêbado em casa e o telefone tocou.
- Alô?
- Vítor?
- É ele!
- É o Mario!
- Aquele que me comeu atrás do armário? – piadinha de praxe que Vitor sempre falava quando ele ligava.
- Preciso de uma mão, acabou a bateria do meu Fusca. To há três quarteirões da sua casa.
- Vem pra cá.
- Nem, preciso que me ajude a empurrar esta bagaça até em casa.
Mario morava há uns cinco quilômetros de distância, ia ser uma bela de uma empurrada, Vítor pensou no trabalho que ia dar e estava pensando em alguma desculpa, mas depois imaginou o mico que ia ser, não é todo dia que se empurra um Fusca do centro da cidade até a casa do Mário e achou que ia ser divertido.
- To indo praí!
Chegando lá, Mario estava de pijama esperando por ele.
- Mas que merda, porque está de pijama?
- Não achei que o carro ia pifar, porra! – Mario estava indo buscar a namorada, na rodoviária, mas devido ao ocorrido ela já tinha ido pra casa de táxi mesmo.
Começaram a empurrar o carro, Vitor nunca tinha imaginado que um Fusca pesava tanto, estavam ainda na avenida principal e já suavam bicas, passaram por um carrinho de cachorro quente lotado de gente e todos olharam para a cena, um bêbado e um cara de pijama empurrando um Fusca.
- Hahahahahaha, força aí!
- Olha a roupa daquele cara!
Vitor parou pra acenar pro pessoal enquanto Mario empurrava sozinho o Fusca dando risada, ambos não davam a mínima para a gozação, se tinha alguém como Vitor que não ligava de pagar mico era o Mario. Se o Jorge ou o Walter estivessem ali, ambos abaixariam a cabeça e ficariam vermelhos.
Continuaram empurrando o Fusca prateado fazendo poses de fodões.
- Se meu pai me visse agora ia dizer que eu sou macho – disse o Mario.
- Se meu pai me visse agora ia me chamar de idiota – disse Vitor.
Depois de muito esforço chegaram a casa onde Mario morava com a namorada Larissa, a garagem em compensação era uma rampa pra cima e o carro não subia nem fodendo.
- E agora?
- Porra, trouxemos o carro até aqui pra não conseguir enfiar na garagem?
- Vamos dar um impulso!
Arrastaram o Fusca alguns metros pra trás da garagem e miraram no portão.
- Super Gêmeos, Ativar – gritou o Vitor no meio da rua enquanto Mario tocava na sua mão.
- Em forma de um gigante de gelo – gritou o Mario.
- Em forma de um rinoceronte – gritou o Vitor.
Empurraram com toda a força que tinham, o carro subiu a rampa e bateu com o para-choque na parede.
- Pelo menos entrou! – Vitor disse tentando consolar.
- Certo – Mario olhava o amassado – tem cerveja aí, vamos entrar.
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