BANCÁRIOS EM GREVE
- Gustavo Campello
- 21 de out. de 2010
- 2 min de leitura

Vítor tinha conseguido um emprego novo.
- Você precisa de uma conta corrente pra ser contratado – disse a mulher do RH.
Ele foi abrir a conta, todo feliz, parou na frente do banco e leu a placa vermelha que dizia “BANCÁRIOS EM GREVE”.
- Filhos da puta!
Voltou pra casa frustrado, pensando que de tantos dias pros bancários entrarem em greve, tinha que ser justo quando ele precisava abrir uma conta.
- Os bancos tão em greve – disse Vitor pra mulher do RH.
- Você precisa de uma conta corrente pra ser contratado – disse a mulher do RH.
“Que porra de mulher é essa?” – pensou Vitor – “Uma androide? Uma gravação? Mas que porra!”
Voltou no banco, bateu na porta e disse – Preciso abrir uma conta! – a mulher que estava lá dentro o mandou ir se ferrar mostrando o dedo.
- Filha da puta! – disse Vitor desistindo de abrir uma conta, foi beber pra esquecer toda essa merda.
No dia seguinte os bancos continuavam em greve e por mais quinze dias foi assim, sendo que no décimo ele foi até um banco e ficou sentado com uma faixa que dizia:
SE VOCÊ É BANCÁRIO E ESTÁ EM GREVE
VÁ SE FODER!
Quando os bancos voltaram de greve no décimo sexto dia ele foi todo feliz abrir a porra da conta, estava com todos os documentos, a gerente olhou pra ele e disse:
- Volte na semana que vem, estamos com muito serviço por causa da greve e não temos tempo pra abrir conta.
- Filha da puta!
- Segurança!
E foi assim que Vitor começou uma peregrinação de banco em banco e todo mundo dizia a mesma coisa, tinham muito serviço e chamavam o segurança.
Teve um banco em especifico que não quis abrir porque ele tinha o nome sujo.
- Porra – disse ele – lógico que eu tenho o nome sujo, não posso trabalhar pra pagar as contas sem essa merda de conta corrente! – quando na verdade tinha o nome sujo porque não pagou um empréstimo que ia caducar daqui dois anos. Não tinha a menor intenção de pagá-lo.
Vitor foi até um banco lá na casa do caralho, longe por bosta e disse que queria abrir uma conta.
- Podemos abrir agora – disse a menina prestativa.
- Sério?
- Lógico, é o meu trabalho.
- Você não vai me enxotar?
- Porque faria isso?
- Porque está com muito serviço por causa da greve.
- Não se preocupe – disse ela sorrindo – nossa agencia não entrou em greve.
- Filha da puta – disse Vitor bem baixinho pra não ser ouvido e pensando que já podia ter começado a trabalhar há quinze dias se tivesse ido até lá.
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