FIAPO MARCIOLO
- Gustavo Campello
- 27 de jun. de 2011
- 2 min de leitura

Marciolo era um fiapo de algum pijama branco de Vitor, morava em um nécessaire de remédios transparente e tinha um capacete metálico de um pedaço de uma cartela de pastilhas para garganta. O fiapo Marciolo era o melhor amigo de Vitor.
- O que você está procurando? – Diz o pobre fiapo sendo acordado de seu sono.
- Meu antidepressivo – diz Vitor que abriu o nécessaire com o maior cuidado do mundo na intenção de não acordar o amigo.
- Você bebeu de novo, não é? – o fiapo Marciolo já está bem acordado agora – Você sabe muito bem que você não guarda seu antidepressivo aqui!
Vitor faz uma careta e fica constrangido com a bronca sobre sua bebedeira.
- Você devia é tomar um daqueles remédios pra parar de beber, mas não tenho desses aqui também, na verdade agora seria um bom momento para conversarmos sobre a falta de remédios aqui na minha casa.
Vitor pensa em fechar o zíper e deixá-lo falando sozinho, mas sabe que isso só iria zangá-lo mais.
- Você tem tudo de que precisa aí!
- Eu não preciso de Fluimucil, meu nariz vai bem, obrigado! – Marciolo olha ao redor – E se eu tiver uma dor de cabeça? Hein? Hein?
- Eu compro uma Neosaldina!
- Até você ir comprar, minha cabeça pode explodir, prefiro ser um fiapo prevenido!
- Sua cabeça não vai explodir, seu capacete vai te proteger!
- Este capacete me protege de radiações perdidas no ar, não confio nessas ondas emitidas pelos celulares, micro-ondas e afins que estão em toda parte nos dias de hoje.
- Não seja tão hipocondríaco!
- Um fiapo precisa dormir em paz sabendo que há uma Neosaldina ao seu lado!
- Você tem essa Dipirona Sódica que deve servir para a mesma coisa!
- De que me adianta ter uma Dipirona com o prazo de validade vencido?
- Está vencido?
- Há um ano! – o fiapo começa a ficar histérico, com medo de ter um troço e não ter o medicamento necessário a disposição – Você quer que eu morra por falta de uma Neosaldina?
- É claro que eu não quero que você morra!
- Então me traga uma Neosaldina!
- Você quer que eu vá comprar agora?
Silêncio, ambos se encaram por alguns minutos.
- Ok, vou indo! – diz Vitor irritado de ter que sair às duas horas da manhã pra ir comprar remédio para um fiapo.
Vitor volta uns quinze minutos depois, coloca a Neosaldina no nécessaire e observa o amigo Marciolo voltar para dentro e dormir sossegado, tenta ir fazer o mesmo e se esquece de tomar o antidepressivo que estava em cima da mesa do computador.
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