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SUPERCHUNK (II)

  • Foto do escritor: Gustavo Campello
    Gustavo Campello
  • 16 de mai. de 2014
  • 3 min de leitura

Era 16 de Maio de 2000 e o Superchunk voltava para São Paulo. Desta vez Jorge e Marcel decidiram ir junto com Vitor ver a banda da Carolina do Sul.


Foram até São Paulo e combinaram que iriam dormir na casa da tia de Vitor, que havia convidado à todos, insistindo até em buscá-los quando o show terminasse. Foram até a Via Funchal e combinaram para que ela fossem buscá-los por volta da 1h30min da manhã. Ninguém tinha celular naquela época, então era bom combinar um horário antes.


Chegando lá resolveram comer um cachorro quente e tomar uma cerveja, que fora da casa de shows era bem mais barata. Conversaram sobre música, filmes e quadrinhos, que era sempre o assunto em pauta. A banda Caixa Materna de Vítor e Marcel já não existia mais e todos estavam pensando na faculdade.


Quando foram entrar, os seguranças barraram um grupo de quatro pessoas, que estavam tentando entrar sem o ingresso logo na frente deles. Houve um tumulto e foi-se então que perceberam que os quatro encrenqueiros eram na verdade a banda. O Superchunk estava comendo cachorro quente do lado de fora e ninguém nem tinha percebido. Vitor distribuiu uma capa de cada álbum para cada um deles, no caso de conseguirem um autógrafo. Jorge ficou com a capa do Here’s Where The Strings Come In, Marcel ficou com a capa do Come Pick Me Up e Vítor ficou com a capa do Indoor Living.


O show foi em outra área da casa de shows, em um palco menor do que da outra vez. O show não foi tão bom quanto o primeiro, parecia que o pessoal estava mais comportado, mas ainda assim foi um puta show. Uma garota deu um mosh na galera enquanto o Superchunk tocava:


yeah, yeah - Yeah, it's beautiful here too yeah, yeah - Why am I telling you? yeah, yeah - Yeah, it's beautiful here too yeah, yeah - Why am I telling you? Last year last night I'm tired let's fight


Já não sabia onde estava Jorge e Marcel. Vitor estava perto do palco e era um aperto só. Laura Balance ainda estava linda como se lembrava, tocando seu baixo freneticamente.


Quando o show acabou, Vitor viu que era 1h50min da manhã, estava 20 minutos atrasado de encontrarem seus tios do lado de fora. Não viu seus amigos, foi lá pra fora e viu sua tinha falando com Marcel, quando chegou perto pode ouvi-la:


- Porque você não vai procurar por eles, então? – ela estava alterada – Vai ficar aqui parado?


Marcel parecia nem dar bola, Vitor ficou envergonhado de ver sua tia tratando mal seu amigo.


- Aí está você – disse ela percebendo Vitor se aproximando – Cadê seu outro amigo? Estou esperando aqui faz meia hora!


- Oi? – Vitor não estava entendendo nada, quem se ofereceu para pegá-los foi ela, podiam muito bem pegar um táxi e passar a noite na paulista sem nenhum stress.


Jorge chegou logo depois todo feliz porque havia conseguido pegar um autógrafo da Laura Balance no encarte que Vitor havia deixado com ele.


- Pronto. – Vitor estava puto com sua tia – Agora todo mundo tá aqui!


Entraram no carro e foram embora.


- Seu olho tá estranho – disse sua tia virando pra trás e falando com Jorge – O que você tomou? Você tá bem? Tá drogado?


- Hein? – Jorge ainda não tinha sacado que ela estava puta por ter que ir buscá-los. De todas as pessoas que ela podia ter acusado de ter usado drogas, Jorge era o mais improvável naquele carro (contando com seus tios inclusive). Marcel e Vitor já tinham experimentado sua cota, mas Jorge era o mais certinho.


- Você está estranho – disse ela – tomou o que? Usou o que?


- Mas que porra... – falou Vitor.


- Hein? – Jorge ainda não entendia nada.


- Ai caralho – Marcel olhava pro teto inconformado.


Chegaram à casa dela com um climão chato, ela havia conseguido estragar a vibe do show. Foram dormir e Vitor pediu desculpas pelo que havia acontecido. Saíram bem de manhãzinha no dia seguinte pra não ter que trombar com ninguém. Pegaram o ônibus e voltaram pra cidade onde moravam. Vitor nunca mais foi pra casa de sua tia, até hoje (12 anos depois) só a encontra em festas de família, mas muito raramente, pois não é o tipo de festa que Vitor prioriza.

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